Ciclo vicioso

Eram meus os trunfos e eu o prémio.
A mesa estava vazia, a luz fraquejava ténue com a iminência do inevitavel. Eu permanecia alheia a tudo, consciente, ao mesmo tempo, da conjuração que se erguia à minha volta. Calmamente, joguei as primeiras cartas que segurava na mão e a pouco e pouco fui deixando cair as que guardava manchando a mesa de afago e credo. À minha frente eram lançadas cartas como farpas invisiveis e quem quer que seja que as arremessava travava uma batalha muito maior que a minha. Lançou os trunfos e eu guardei os meus, deixei de mim na mancha que as minhas jogadas haviam deixado e voltei costas, soturna, resignando-me e renovando-me.